O Ransomware continua sendo uma das principais ameaças enfrentadas por empresas e equipes de segurança da informação. Esse tipo de malware permite que criminosos sequestrem dados ao criptografar arquivos e sistemas inteiros, tornando-os inacessíveis para as vítimas. Geralmente, os atacantes exigem um pagamento — frequentemente em criptomoedas (vale mencionar que, dependendo da criptomoeda utilizada, a transação pode ser rastreada) — para fornecer a chave de descriptografia e devolver o acesso aos dados. Dada a gravidade dessa ameaça, é crucial saber como proceder na análise de um Ransomware.
Existem dois métodos principais para realizar essa análise: estática e dinâmica. Na análise estática, o arquivo malicioso é examinado sem ser executado, buscando informações que possam revelar sua estrutura, funcionamento e vulnerabilidades. Já a análise dinâmica envolve a execução do ransomware em um ambiente controlado para observar seu comportamento em tempo real.
Embora o objetivo final dos ransomwares seja geralmente o mesmo — criptografar dados e exigir um resgate —, o modus operandi pode variar significativamente. Isso torna essencial a análise cuidadosa de cada amostra para entender suas particularidades e desenvolver estratégias eficazes de mitigação.
A análise estática começa com a identificação do tipo de arquivo com o qual estamos lidando. Pode ser um executável (.exe), uma biblioteca de link dinâmico (.dll) ou até mesmo um script (.js ou .vbs). Determinar o formato do arquivo não apenas fornece uma ideia da linguagem em que o malware foi desenvolvido, como também ajuda a identificar se o ransomware está empacotado ou ofuscado, técnicas comuns usadas para esconder seu verdadeiro comportamento. Para essa tarefa, ferramentas como PEiD, Exefileinfo e Detect It Easy (DIE) são bastante úteis.
Em seguida, uma etapa essencial é a extração de strings do arquivo, que podem revelar informações importantes, como URLs de comando e controle (C2), mensagens de resgate, bibliotecas utilizadas ou até funções de criptografia e chamadas de API. Ferramentas como Binwalk e BinText permitem extrair essas strings, fornecendo pistas valiosas sobre o comportamento do ransomware.
Outro aspecto crucial da análise estática é a inspeção do header do arquivo. O header contém informações importantes, como a data de compilação do ransomware, o que pode ajudar a determinar se estamos lidando com uma versão recente ou uma variante de um malware mais antigo. Também é útil verificar as bibliotecas importadas, pois isso pode fornecer mais insights sobre as funcionalidades que o ransomware tenta implementar. Além disso, não devemos esquecer de inspecionar os metadados do arquivo, que podem conter informações adicionais sobre sua origem. Ferramentas como o ExifTool são eficazes para esse tipo de análise.
Uma das etapas mais avançadas da análise estática envolve a desmontagem do código do ransomware. Isso pode ser feito usando ferramentas como o IDA Pro, que transforma o código em assembly, permitindo que analistas entendam as rotinas executadas pelo malware.
Alternativas gratuitas como Ghidra ou Radare2 também são excelentes opções. Durante a desmontagem, é importante procurar por funções que indiquem ações específicas, como CryptEncrypt ou CryptAcquireContext (relacionadas à criptografia), rotinas de persistência que garantem a execução do ransomware após reinicializações, e funções de rede que estabelecem comunicação com servidores de controle.
Após a análise estática, é essencial compartilhar as amostras e as hashes do ransomware com bancos de dados de malware como VirusTotal, MalwareBazaar ou Hybrid Analysis. Isso ajuda a ampliar o conhecimento sobre aquela amostra específica, facilitando a detecção e mitigação por outras empresas e profissionais de segurança.
Na análise dinâmica, o ransomware é executado em um ambiente controlado, permitindo observar seu comportamento em tempo real. Para realizar essa análise com segurança, é fundamental configurar um ambiente isolado, como uma máquina virtual ou uma sandbox. Ferramentas como Cuckoo Sandbox ou Any.Run são ideais para esse tipo de análise. No entanto, deve-se ter em mente que alguns ransomwares são programados para não se executarem em ambientes virtuais, como uma forma de evitar a análise. Portanto, é preciso tomar precauções ao configurar esses ambientes.
Durante a análise dinâmica, o monitoramento de processos e tráfego de rede é fundamental. Ferramentas como ProcMon (Process Monitor) podem ser usadas para rastrear as atividades do ransomware, incluindo a criação de novos processos, modificações no sistema de arquivos e alterações no registro do Windows. Além disso, é importante capturar o tráfego de rede com ferramentas como Wireshark ou Fiddler para observar as conexões que o ransomware tenta estabelecer com servidores externos. Isso pode revelar a infraestrutura de comando e controle utilizada pelos atacantes.
Outro aspecto importante da análise dinâmica é observar como o Ransomware criptografa os arquivos e se ele tenta remover backups ou desabilitar sistemas de segurança. Ferramentas como Process Hacker ajudam a monitorar essas atividades em tempo real, fornecendo insights sobre o impacto do ransomware no sistema. Por fim, é crucial documentar cada etapa da análise, coletar evidências e reverter a máquina virtual para o estado original após a execução do malware.
Ao combinar a análise estática e dinâmica, conseguimos obter uma visão completa do funcionamento do ransomware, permitindo que as equipes de segurança desenvolvam medidas mais eficazes para neutralizá-lo. A análise de Ransomware não é apenas um exercício técnico, mas uma parte essencial da defesa cibernética, ajudando a proteger sistemas críticos e mitigar os danos causados por ataques.
Este conteúdo foi criado pelo Desenvolvedor, Hacker ético e Pentester Renan Pontes (https://www.linkedin.com/in/repontes/) que passa a partir desta data a ser um dos colaboradores do nosso blog.
Revisado pelo Diretor da Infinity Safe, Brian Benigno (https://www.linkedin.com/in/brian-benigno-2584a92a/).